Wednesday, September 23, 2009

Perspectives: "Our Man in Tegucigalpa"

Perspectivas: "Um dos nossos em Tegucigalpa"
Por Rachel Glickhouse

Tradução: Simone Palma

Para ler o artigo original em inglês, clique aqui.

Venho seguindo a crise política em Honduras com certo interesse, sentindo que algo não estava certo, especialmente porque considero as perspectivas latino-americanas feita pela mídia americana com cuidado, com um "grão de sal". (como diz a expressão americana)

Mas, então, esta semana, a crise tomou um rumo interessante e despertou ainda mais meu interesse.

Manuel Zelaya, presidente de um pequeno país da América Central, fora deposto no fim de junho, fato que muitos rotularam como um golpe, já que fora a força militar que o afastara de Honduras. A resposta imediata do governo americano e mídia internacional foi uma de protestos, o horror de haver um golpe de Estado em nosso quintal, depois de supostamente tanto progresso democrático na região.

Mas eu fiz algumas pesquisas e o que eu descobri, como a expressão brasileira diz, não cheira bem.

Primeiro, vamos retroceder um pouco no tempo: Zelaya vem da elite rica do país e de uma família interessante. Em 1975, seu pai foi condenado, juntamente com outras sete pessoas por serem responsáveis pelo Massacre de Los Horcones, na qual quinze sacerdotes, ativistas sociais e agricultores foram assassinados perto da fazenda da família Zelaya. Mais tarde, lhe foi dada anistia.

Agora, passemos para frente - a razão pela qual Zelaya fora deposto com o apoio de muitos no governo de Honduras fora que ele estava tentando mudar a Constituição para continuar mais tempo no cargo, e até lançou um referendo pedindo aos eleitores para criar uma Assembléia Constituinte e reescrever uma nova Constituição, a partir do zero. Temendo que Zelaya planejasse dissolver o Congresso e o Supremo Tribunal, e tentando criar como Chávez, uma ditadura, os militares hondurenhos enviaram Zelaya para a Costa Rica. Um blogueiro politico hondurenho em favor de sua expulsão nos dá sua opinião:
A expulsão de Zelaya foi um crime, mas foi por esse crime que a atual ordem legal foi salva. Este não seria o caso se Zelaya tivesse cumprido a sua intenção de convocar uma Assembléia Constituinte, para dissolver o Congresso e o Tribunal Supremo. Este é um caso análogo ao princípio de auto-defesa em direito penal. Ao expulsar Zelaya o sistema agiu em legítima defesa, para sua própria auto-preservação.
Enquanto isso, eu chequei com um blogueiro americano que viveu em Honduras por muitos anos e segue a política de perto. E como era de se esperar, Zelaya e sua família têm milhões em contas no exterior, e após seu afastamento do poder, as autoridades descobriram que, "surpresa, surpresa", Zelaya tem roubado do governo e utilizado de fundos públicos, que incluem mas não se limitam, para: aluguel de helicópteros, compra de vinhos, charutos, jóias, um cuidador para seu cavalo, pinturas a óleo, um som para seu carro, reparos de motocicletas e esculturas. Soa familiar?

Mas aqui é onde o Brasil entra.

Depois de viajar por quinze horas, Zelaya e sua esposa entraram clandestinamente
em Honduras, na segunda-feira, onde decidiu fazer residência na embaixada brasileira. O governo brasileiro foi rápido em negar qualquer relação e Zelaya disse à imprensa brasileira que ele fora quem se aproximara dos brasileiros, mesmo não tendo a intenção de pedir asilo. Os militares hondurenhos cercaram o prédio, e cortaram a electricidade, água e linhas telefônicas da embaixada, apesar de que na noite passada eles tiveram sua água e eletricidade restauradas. O governo brasileiro está preocupado com seus funcionários, temem que os militares hondurenhos possam agir com violência. Entretanto, uma pesquisa mostra que os hondurenhos são fortemente contra a presença de Zelaya no país, que eles não acreditam que vai ajudar a resolver a crise.

Brasil pode parecer uma escolha lógica, como um porto seguro, dada a sua posição do país como o mais poderoso da América Latina e da posição diplomática de Lula como porta-voz a e representante para o mundo em desenvolvimento. Além disso, o Brasil tem tradicionalmente sido um mediador em conflitos latino-americanos, e consegue ser tanto um aliado dos EUA e amigo de Castro e Chávez.

Mas eu estou convencido de que os EUA estão por trás da coisa toda.

Presidente Lula e seu ministro de relações exteriores acontecem de estar em Nova York esta semana para uma reunião na ONU e o Lula irá aceitar um prêmio do Wilson Center. Sem contar, que o Lula tem uma relação muito boa com Obama, que também está em Nova York esta semana.

Robert White, presidente do Center for International Policy's no LA Times dá uma pista importante:
"Hugo Chávez, da Venezuela já ameaçou uma intervenção militar para restaurar a democracia em Honduras. Se os EUA continuarem a sentar-se à margem, Chávez poderia costurar uma coalizão para reinstalar Zelaya e criar um estado anti-americano em Honduras, que poderá servir como um ponto político e econômico para aliados de Chávez: os iranianos, chineses e russos. Milhares de pessoas na América Latina, de repente veriam Chávez, não os Estados Unidos, como aquele que garante a democracia e a liberdade - e estariam dispostos a fechar os olhos aos abusos e amigos desagradáveis.

Obama precisa reconhecer que, em Honduras, a democracia e a credibilidade de seu governo estão em jogo. Ao tomar uma posição lá, o presidente pode garantir que maiores ameaças à democracia e à segurança dos Estados Unidos nunca irão se desenvolver."


Então, por que fazer os EUA parecer como o cara ruim, como é frequentemente visto na América Latina, e ao em vez dar ao Brasil o trabalho sujo? Não é nenhum segredo que os EUA tende a trabalhar nos bastidores quando se trata de crises políticas na América Latina, e isto não parece ser diferente. Deixar o Brasil ajudar Zelaya entrar no país e esperar para ver o que acontece, antes de apoiá-lo oficialmente em seu retorno ao poder, mantém os EUA a uma distância diplomática que é segura, enquanto ela coloca o Brasil em posição crucial. Zelaya pode ser um líder corrupto e ineficiente, mas isso não é necessariamente um impedimento para o apoio dos EUA. Manter uma postura firme na ilusão da democracia nas Américas tem sido sempre uma grande prioridade para o governo americano. Eles vão se preocupar com outro Chavez quando vejam um - até então, nenhum golpe ficará impune.

Mas é apenas uma teoria minha - O que você acha?

Fonte: Adventures of a Gringa in Rio

Bookmark and Share

Tuesday, September 22, 2009

Special: Understanding the Crisis in Honduras

Especial: Entendendo a crisis em Honduras

Graças à crise em Honduras e ao recente envolvimento do Brasil nela (leiam aqui a reação de Honduras após a volta do presidente deposto, José Manuel Zelaya, que se protege na embaixada brasileira), fica cada vez mais evidente o papel de Hugo Chavez como modelo político na região.

Para muitos latino-americanos, principalmente aqueles que não vivem de perto a revolução bolivariana, fica díficil entender o que realmente significa essa influência Chavista e assim o que se passa em países como Honduras. Há quem apóie e quem condene
Zelaya e o Brasil.

Para entender um pouco mais o que se passa lá, decidi pesquisar sobre o assunto. Achei que a matéria
"Eleito pela direita, Zelaya fez governo à esquerda em Honduras" do Estadão é um bom ponto de partida para entender o que atualmente está acontecendo.

Nela o jornal descreve a personalidade e trajetória do líder político que hoje faz parte das manchetes de jornal.

Também podemos encontrar dois links bastante utéis como mostro a seguir:

Entenda a origem da crise política em Honduras

Podcast:Professor da Unesp analisa Golpe de Estado em Honduras

Porém o que mais me chama a atenção é o título do artigo. O jornal explica este aqui:

"Apesar de suas credenciais de centro-direita, Zelaya se afastou de seus tradicionais aliados, entre eles os EUA. O hondurenho se aproximou cada vez mais de Hugo Chávez e outros países da 'esquerda bolivariana', como Equador, Bolívia e Nicarágua."

É talvez por causa deste tipo de engano cometido por políticos que dizem torcer para um time mas que vestem a camisa de outro, que hoje
vemos a situação escalar a este nível em Honduras. Afinal, aqueles que votaram em Zelaya não necessáriamente apoiavam tal filosofia bolivariana.

Ao continuar minha pesquisa me deparei com um blog de uma americana que mora em Honduras e achei muito útil. Ela expõe em um de seus posts a matéria do jornal americano The WashingtonPost, escrito pela próprio presidente interino Roberto Michelette.

Nele, este trata de justificar o que é "injustificável" na opinião de muitos.
Ou seja, defende o golpe de estado sem caracterizá-lo como tal.

Confiram:

Moving forward in Honduras, Washington Post

Por Roberto Micheletti
"The international community has wrongfully condemned the events of June 28 and mistakenly labeled our country as undemocratic. I must respectfully disagree. As the true story slowly emerges, there is a growing sense that what happened in Honduras that day was not without merit. On June 28, the Honduran Supreme Court issued an arrest warrant for Zelaya for his blatant violations of our constitution, which marked the end of his presidency. To this day, an overwhelming majority of Hondurans support the actions that ensured the respect of the rule of law in our country.

Underlying all the rhetoric about a military overthrow are facts. Simply put, coups do not leave civilians in control over the armed forces, as is the case in Honduras today. Neither do they allow the independent functioning of democratic institutions -- the courts, the attorney general's office, the electoral tribunal. Nor do they maintain a respect for the separation of powers. In Honduras, the judicial, legislative and executive branches are all fully functioning and led by civilian authorities.

Coups do not allow freedom of assembly, either. They do not guarantee freedom of the press, much less a respect for human rights. In Honduras, these freedoms remain intact and vibrant. And on Nov. 29 our country plans to hold the ultimate civic exercise of any democracy: a free and open presidential election."
Em português:

A comunidade internacional condenou erroneamente os acontecimentos de 28 de junho e rotulou nosso país como antidemocrático. Devo discordar respeitosamente. À medida que a história verdadeira lentamente emerge, cresce a sensação de que o que aconteceu em Honduras nesse dia não foi sem mérito. No dia 28 de junho, o Supremo Tribunal de Honduras emitiu um mandado de prisão para Zelaya por suas violações descaradas a nossa Constituição, marcando o fim de sua presidência. Até hoje, uma esmagadora maioria dos hondurenhos apóia as ações que garantem o respeito do Estado de Direito em nosso país.

Subjacente a toda a retórica sobre um golpe militar estão os fatos. Simplificando, os golpes não deixam os civis no controle sobre as forças armadas, como é o caso de Honduras hoje. Nem eles permitem o funcionamento independente das instituições democráticas - os tribunais, o escritório do procurador-geral, o tribunal eleitoral. Nem mantem um respeito pela separação de poderes. Em Honduras, o judiciário, legislativo e executivo estão todos em pleno funcionamento e conduzido por autoridades civis.

Golpes de Estado também não permitem a liberdade de assembleia. Eles não garantem a liberdade de imprensa, muito menos respeita os direitos humanos. Em Honduras, estas liberdades permanecem intactas e vibrantes. E em 29 de novembro nosso país, planeja realizar o exercício final de qualquer democracia: a eleição presidencial livre e aberto.


Bookmark and Share

Updates: Brazil in the midst of Honduras crisis.

Updates: Brasil em meio da crise em Honduras.

'Brasil deve optar por asilar ou entregar Zelaya', diz Micheletti.

Presidente de facto assegura que respeitará a inviolabilidade da embaixada brasileira em Tegucigalpa, diz Estadão.

Veja o que Micheletti diz a respeito da embaixada brasileira:
"Respeito à embaixada

Micheletti assegurou também que respeitará a inviolabilidade da embaixada brasileira em Tegucigalpa. Nesta manhã, a chancelaria hondurenha havia informado que a inviolabilidade de uma sede diplomática não implica na proteção a foragidos da Justiça.

"Digo publicamente a Lula: vamos respeitar sua sede, porque é território brasileiro e vamos respeitá-la sempre. "
Leia artigo na íntegra aqui.

x-x-x

Brasil não vai tolerar ação contra embaixada em Honduras -- Amorim (Reuters)

NOVA YORK (Reuters) - O Brasil não vai tolerar nenhuma ação contra sua embaixada em Tegucigalpa, onde o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, se refugiou depois de retornar ao país, disse nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Amorim disse a jornalistas em Nova York que o Brasil considera pedir uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratar da segurança da missão diplomática do Brasil em Honduras.

(Por Walter Brandimarte)

x-x-x

'Estamos cercados de francoatiradores', diz Zelaya.

Presidente eleito afirma que está em perigo e que embaixada brasileira está cercada por militares hondurenhos, diz Estadão.


"O único "acordo pacífico" possível em Honduras "só pode ser considerado se a vontade do povo, que me elegeu como presidente, for respeitada", ressaltou. "O sangue está correndo" em Honduras "desde o dia do golpe de Estado", mas "esta batalha sabemos que temos que ganhá-la de qualquer maneira", concluiu Zelaya."
Leia o artigo completo aqui.

x-x-x

Police Break Up Rally for Ousted Honduras Leader, NYT

"Police officers used tear gas in the Honduran capital, Tegucigalpa, early Tuesday to disperse thousands of backers of Manuel Zelaya, the deposed leader, outside the Brazilian Embassy, where he was seeking refuge after sneaking back into the country the day before, according to witnesses and news reports."
Em português

Policiais usaram gás lacrimogêneo na capital hondurenha, Tegucigalpa, terça-feira para dispersar milhares de apoiantes de Manuel Zelaya, o líder deposto, em frente à embaixada brasileira, onde foi em busca de refúgio após voltar ao país no dia anterior, de acordo com testemunhas e noticiários.

x-x-x

'Esperamos que os golpistas não entrem na embaixada', diz Lula. Estadão

"Conversei com o presidente Zelaya e pedi que tome cuidado para não dar pretextos aos líderes do golpe", disse Lula. "Esperamos que os golpistas não entrem na embaixada".

Nesta manhã, a chancelaria hondurenha disse que a inviolabilidade de uma sede diplomática não implica na proteção a foragidos da Justiça. Zelaya foi declarado fugitivo após ter sido expulso do país no golpe militar de junho.

A embaixada brasileira foi cercada na madrugada desta terça-feira. Água e telefone foram cortados e policiais enfrentaram manifestantes do lado de fora do prédio. Ao menos duas pessoa morreram.Segundo Zelaya, há francoatiradores do lado de fora do prédio."
Fontes: O Estado de São Paulo. The New York Times. Reuters. Todos os direitos reservados.

Bookmark and Share

Monday, September 21, 2009

No way out: Honduras closes all airports. Zelaya gets protection at Brazilian embassy

Sem saída: Honduras fecha todos os aeroportos. Zelaya se protege na embaixada brasileira.

Medida é decretada depois de toque de recolher; governo interino pede que Brasil entregue líder deposto, diz Estadão.

Em frente à embaixada brasileira, Zelaya fala para centenas de apoiadores.
Fotos: Reuters


"Pouco antes do fechamento dos aeroportos, Zelaya disse que ninguém voltará a tirá-lo de seu país, e que as palavras de ordem após seu retorno continuam sendo "pátria, restituição ou morte". Por sua vez, o presidente de facto, Roberto Micheletti, pediu ao Brasil que entregue Zelaya, que está abrigado na representação do País em Tegucigalpa. "Pedimos que o Brasil respeite a ordem judicial contra o senhor Zelaya e o entregue às autoridades competentes de Honduras", afirmou Micheletti em mensagem televisionada.

A partir de agora, ninguém voltará a nos tirar daqui. Por isso, nossa posição é pátria, restituição ou morte", enfatizou Zelaya diante dos milhares de simpatizantes que permaneciam em frente à embaixada brasileira. O governo interino protestou contra o Brasil, e responsabilizou o País por qualquer ato de violência que possa acontecer perto da sede diplomática."

Leiam o artigo completo aqui.

x-x-x

"Ousted Leader of Honduras Returns as Crisis Deepens", NYTimes.


"... Brazil’s foreign minister, Celso Amorim, also in New York, said the embassy in Tegucigalpa agreed to take in the ousted president after Mr. Zelaya’s wife, Xiomara Castro, asked for help through a Honduran legislator.

Mr. Amorim did not say whether there was a time limit on Mr. Zelaya’s stay in the embassy, but he stressed that the Organization of American States should renew efforts to negotiate a solution. “If the O.A.S. doesn’t work to give guarantees to a democratically elected government, in the case of a coup like this, then what is the O.A.S. for?” he said."

Leia o artigo original (em inglês) aqui. Read full article here.

Em português:

Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, também em Nova York, disse que a Embaixada em Tegucigalpa concordou em abrigar o presidente deposto após a esposa do Sr. Zelaya's, Xiomara Castro, pedisse ajuda por meio de um legislador hondurenho.

Amorim não disse se havia um limite de tempo para a estadia do Sr. Zelaya na embaixada, mas ressaltou que a Organização dos Estados Americanos devem renovar os esforços em negociar uma solução. "Se o O.A.S. não funcionar para dar garantias a um governo democraticamente eleito, no caso de um golpe como esse, então para que serve o OEA? ", disse ele.

Updates: Brazil in the midst of a national crisis in Honduras.

Bookmark and Share

Sunday, September 20, 2009

Opinion of the Week: "Lula's campaign promisse is stagnant"

Opinião da Semana: "Promessa de campanha de Lula está estagnada"

O artigo da revista brasileira Veja do dia 18 de setembro chama a atenção de um mais graves erros da administração atual: o fracasso na alfabetização de milhares de brasileiros.

Veja aqui o artigo na íntegra.

Segundo o artigo que cita estudo do IBGE, praticamente não houve alteração entre o índice de 2008, que indica "cerca de 14,2 milhões de analfabetos" ou 10% com o de 2007, 10.1%.

O artigo afirma:
"Apesar das promessas feitas pelo presidente desde a campanha eleitoral em 2002, o analfabetismo pouco foi combatido durante seu primeiro governo e mais da metade do segundo. Aos números: entre 2002 e 2005, a taxa de analfabetismo caiu apenas 1%, passando de 11,8% para 10,9%."
Lamentavelmente os supostos "esforços" do governo nesse âmbito não renderam bons frutos. E as promessas feitas antes da campanha e durante os mandatos não resolveram um dos maiores e mais importantes problemas no Brasil: a ignorância de seu povo.

Não me refiro à definição de ignorância que se usa para descrever a estupidez ou grosseria. Me refiro à definição que descreve a condição daqueles que não tem instrução, a falta de saber, e o estado de quem desconhece alguma coisa*.

Por isso quando falo de ignorância, falo da falta de educação no Brasil. Mas há muitos que com isso se ofendem. Acham que é preconceito, que é culpar os que não têm instrução. Pensam que é pedir demais o exigir, entre outros fatores, um mínimo grau de educação para qualquer cargo político, ainda mais para a presidência de um país.

Primeiro, e que fique bem claro, não se trata de culpar a vítima. Muito pelo contrário. Se trata de apoiar a erradicação da ignorância, a falta de saber, esse estado de desconhecimento em que muitos ainda vivem.

É incabível que em pleno século XXI, em um país tão rico como o Brasil, uma porcentagem tão grande da população não saiba nem sequer ler!

Segundo, não se trata de julgar as pessoas pelo seu nível educacional. Mas para cargos de tamanha responsabilidade, como é o de dirigir um país, deveríamos no mínimo requerir um conhecimento básico além de uma experiência sólida do indivíduo.

Não é assim em qualquer profissão? Porque seria diferente na política?

Os brasileiros não precisam de mais desculpas, ou promessas, mas é isso que o governo atual faz.
"Desculpas - Em julho de 2008, o presidente começou a dar desculpas e criticou os governos que o antecederam por não terem erradicado o analfabetismo no país. "Tudo isso poderia ser resolvido há 60 anos, há 30 anos, afinal de contas esse país foi governado por muita gente letrada. O primeiro que não tem diploma universitário sou eu", afirmou durante discurso na formatura de alfabetizados pelo programa do governo da Bahia Todos pela Alfabetização.
...
Palanque - Sete meses depois de jogar a culpa no passado, Lula pediu aos prefeitos de todo o país mais ação de convencimento em suas cidades. "É preciso um trabalho mais intenso de convencimento dessas pessoas, de que elas devem ser alfabetizadas", disse Lula, e mais uma vez tentou tirar um pouco das responsabilidades de suas costas. "Não adianta somente o governo criar programas, é preciso pactuar com os prefeitos, porque eles têm acesso aos rincões do país".
No trecho acima, a revista faz esta necessária associação entre desculpas e palanque.

O artigo termina fazendo referência ao pré-sal em vista de recentes planos de Lula em usar parte do futuro dinheiro proveniente do mesmo em investimento na educação, algo que pelo visto não acredita ser de nenhuma prioridade pois levará anos em se concretizar.


Claro que é conveniente manter as pessoas ignorantes. É ótimo manter tudo às escuras e fazer o que der na telha com nosso país. É fácil assim, nem necessário é manipular ou distorcer a verdade, pode-se mentir a vontade, dar rédeas soltas à falta de veracidade nos fatos.

Diga-se de passagem, que a revista faz menção aos erros cometidos pelo presidente ao citar os índices de alfabetização em São Paulo. Claro, é mais uma dessas meia-verdades que passarão desapercebidas por milhares de brasileiros que até hoje são analfabetos.

Fonte: Revista Veja. Todos os direitos reservados. *Dicionário Aurélio

Bookmark and Share

Saturday, September 19, 2009

Weekly Highlights: Blogs and News you can't miss!

Destaques da Semana: Blogs e notícias que você não pode perder!

Para quem não sabe, eu sou 'blogueira' e 'tuiteira' novata. Estranho como, por conta de novas ferramentas tecnológicas, em nosso dia-a-dia são formadas palavras com estas.

O Blog, palavra que nasceu da mistura de Web + log, e o Twitter, nome do serviço de mensagens instantâneas, são inovações fabulosas.

É certo o ditado que diz "a necessidade é a mãe de todas as invenções". Deve ser por isso tantos blogs são criados a cada dia. O meu, por exemplo, não é exceção. Ele busca suprir a necessidade de divulgar notícias e blogs interessantes de uma maneira simples.

Mas a falta de tempo e o excesso de notícias dificulta a tarefa. Por isso, começo esta sessão Destaques da Semana. Todos os sábados buscarei trazer aos meus leitores uma seleção do que há de melhor no Brasil e na América Latina que ficou faltando durante a semana.

Aproveitem e façam sua sugestão!

Blogs da Semana:

Através do Blog da Maya, conheci a história da blogueira Alcinea, retratada na história da revista brasileira Época "As novas redes da Amazônia" que como comentava em Opinião da Semana do domingo passado, foi o que me fez finalmente começar o blog.

Além disso, em seu post do dia 17 de setembro, Maya faz uma seleção de links que descreve como "ligados à política e discussão sobre cidadania, respeito ao eleitor, luta por justiça e verdade". Vale a pena conferir! ;-)

Rachel Glickhouse, a americana mais conhecida pelo seu pseudônimo RioGringa, nos traz em seu blog Adventures of a Gringa! um ótimo artigo em inglês contando a história de Alcinea. Recomendo a leitura do "Protest Now: Blog Censorship in Brazil"

Rachel começa seu artigo dizendo:
"Recently, the media has come under attack in Brazil, but bloggers too have had their right to free speech challenged. Threatened with law suits and sometimes even death threats, Brazilian political blogs have been shutting down right and left, including the well-known Nova Corja blog. I decided to feature one of these blogs, since the author has refused to shut down her blog and to stand up to one of Brazil's biggest bullies and most deeply corrupt politicians, Jose Sarney. (Thanks to Simone for the tip)"
E termina:
"Despite all this, Alcinea continues to blog and to write without fear, despite the fact that the corrupt courts and politicians are on her back and expect her to pay an insane sum to a man who has already stolen an untold and likely unspeakable amount of money from the government.

Alcinea, estou com você. FORA SARNEY!"

Em português:

Recentemente, a mídia brasileira vem sendo atacada, mas os blogueiros também têm tido seus direitos de liberdade de expressão desafiados. Ameaçados por processos e às vezes até ameaças de morte, os blogs de política brasileiros têm sido retirados do ar, incluindo o conhecido site A Nova Corja. Decidi destacar um desses blogs, já que a autora se negou a retirará-lo e enfrenta-se assim a um dos maiores bullies e mais enraizado político corrupto, José Sarney. (Graças a Simone pela dica)
...
Apesar de tudo isto, Alcinea continua a escrever sem medo, apesar do fato de que os tribunais e políticos corruptos lhe dêem as costas e esperem que ela pague uma quantia insana de um homem que já roubou uma quantia incalculável e, provavelmente, indescritível do governo.

Alcinea, estou com você. FORA SARNEY!

Eu também estou com você Alcinea. Riogringa, obrigada mais uma vez pela contribuição.

Notícias da Semana:

Entre os destaques está o artigo do jornal brasileiro Folha de São Paulo do dia 17 de setembro: "Câmera muda proposta do Senado, libera 'ficha suja' e mantém internet livre". Também é interessante o vídeo anexado, onde se explicam as possivéis restrições na internet.

Assistam aqui o vídeo:



Entre outros destaques no Brasil está a matéria do Estadão do dia 16 de setembro, leiam aqui: "Lula convida José Antonio Toffoli para vaga de ministro no STF". No paragráfo abaixo, o jornal brevemente expõe o assunto que ainda gera controvérsia e é destaque da semana:
"No STF, a candidatura de Toffoli sempre enfrentou resistências. Primeiro, por ter ligação estreita com o PT e com o ex-ministro José Dirceu. Depois, por ser considerado por alguns ministros como muito novo e inexperiente para o cargo."
E finalmente...

Foto da Semana:


A foto é cortesia de AnaMora. Conheçam mais fotos dela aqui.

Fontes: O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo Online.

Bookmark and Share

Friday, September 18, 2009

The Bachelet model in Latin America.

O modelo Bachelet na América Latina.

No artigo "A politician on top of her game" a revista The Economist pinta um retrato rápido da presidente latino-americana Michelle Bachelet.

Vejam a foto:


Assim como na foto, a matéria é bastante positiva. Afinal, a revista ilustra a presidente do Chile como uma vencedora, descrevendo-a como um verdadeiro exemplo para América Latina.

Desde o começo faz-se referência à liderança e inovação de Bachelet.
"...she was the first woman to be elected to the top job in a Latin American country who was not the widow of an illustrious husband. (...) Her first cabinet was selected according to gender as much as party: half its members were women, several were independents and only two had previous ministerial experience."
Ou seja, o artigo descreve o fato de Bachelet ter sido a primeira mulher eleita a um cargo desse porte em país latino-americano -- não viúva de marido ilustre. Além disso, explica que em seu cabinete a metade de seus membros são mulheres, com vários independentes e somente dois destes com experiência anterior.

A revista não mede elogios "She has evolved into one of the most formidable political leaders in Latin America.", diz The Economist. Assim, "ela tem se tornado um dos líderes mais formidavéis na América Latina", na visão da revista.

Não é a toa que o título do artigo é "A politician on top of her game". Eles consideram Bachelet uma política acima da média, uma ganhadora. Ou, em uma tradução mais literal, uma política acima do jogo.

Mas o artigo faz menção também aos obstáculos da presidente no começo de seu mandato, como o fiasco do novo sistema de transporte da capital chilena, o Transantiago, e da dificuldade de seu governo em melhorar o sistema educacional. Apesar disto, a matéria dá enfásis ao seus programas e conquistas. E dá as últimas pinceladas, encerrando em chave de ouro, ao comparar a estratégia de Bachelet com a de outros países da América Latina.

Confiram:
"It will take time and study before it is clear whether these programmes work. Certainly, it was a while before they made their mark in Chile—“a crèche isn’t sexy,” says Ms Bachelet. But it adds up to one of the most far-reaching attempts to combine economic growth and a welfare state in Latin America. That is a tacit critique of Hugo Chávez’s contention that only his revolution can tackle inequality in the region. And it suggests that Ms Bachelet’s political career is far from over."
Tradução:

"Levará algum tempo e estudo antes que esteja claro se estes programas irão funcionar. Certamente, demorou um tempo antes que fizesse sua marca no Chile, ao referir-se ao programa "uma creche não é sexy ", como disse Bachelet. Mas acrescenta-se a uma das tentativas de maior alcance ao tentar combinar o crescimento económico com um estado de bem-estar na América Latina. Essa é uma crítica tácita à contenção de Hugo Chávez de que só a sua revolução pode combater a desigualdade na região. E sugere que a carreira política de Bachelet está longe de se acabar".

E a pergunta do dia é: Poderá o Brasil seguir o exemplo de Bachelet?


Fonte: The Economist. Todos os direitos reservados. "A politician in top of her game" (Foto: Reuters); Tradução: Simone Palma.

Bookmark and Share

Thursday, September 17, 2009

An American message: Michael Moore on democracy

Mensagem americana: Michael Moore e a democracia



Neste vídeo da TV Estadão "o diretor Michael Moore fala sobre 'Capitalismo - Uma História de Amor', que concorre ao Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza."

Destaque ao que Michael Moore diz sobre democracia (1:38 do vídeo):
"A democracia não é algo que você assiste, é um evento em que todos participam. Se nós não participamos, não é uma democracia.
...
Apenas por ser cidadão de uma democracia eu já estou envolvido em política, todos estão envolvidos em política. Política é algo constante em tudo o que fazemos no nosso dia a dia.
...
As coisas mudam, e eu espero continuar contribuindo para este processo, fazendo meus filmes "
Foi desta mensagem que nasceu a pergunta da semana do meu post de domingo passado.

E a pergunta do dia é: Qual é a sua contribuição, mi querida América Latina?

Como ele mesmo disse "as coisas mudam", mas para isso a contribuição de todos é fundamental.



Fonte: O Estado de São Paulo. Todos os direitos reservados. "Michael Moore lança 'Capitalismo' no Festival de Veneza" (Reportagem: Flávia Guerra; imagens: Adriana Plut)

Bookmark and Share

Sunday, September 13, 2009

Opinion of the Week: "Latin American Journalists Face New Opposition" - Analysis

Opinião da semana: "Jornalistas latino-americanos se enfrentam com nova oposição" - Análise

No dia 30 de agosto de 2009, o jornal americano The New York Times publicou o artigo "Latin American Journalists Face New Opposition". Nele o jornalista Alexei Barrionuevo, começa descrevendo o novo obstáculo enfrentado por jornalistas no Brasil.

Vejamos o que ele diz:
"For the family of José Sarney, Brazil’s Senate president, the daily onslaught of newspaper reports about nepotism and corruption accusations against him was too much to bear.

So Mr. Sarney’s son Fernando, who manages most of the family’s private businesses,
turned to a federal judge in Brasília, winning an injunction to stop a leading newspaper, O Estado de São Paulo, from publishing any more reports about the allegations."


"A Brazilian court banned a newspaper from reporting accusations against José Sarney, the president of the Senate."

Fernando Bizerra/European Pressphoto Agency


A tradução do texto acima:

Para a família de José Sarney, presidente do Senado brasileiro, a enxurrada diária de reportagens sobre nepotismo e corrupção envolvendo seu nome não dava para aguentar.

Então, o filho de Sarney, Fernando, que administra a maioria dos negócios privados da família, se tornou a um juíz federal em Brasília, anhando uma liminar para interromper um dos principais jornais, O Estado de São Paulo, de publicar os relatórios sobre as acusações.


Com isto, o jornalista do NYT, que no momento mora no Brasil, pôde fácilmente conectar os fatos e com isso concluiu representarem um exemplo de censura.

Alexei fala não só da luta de Sarney no senado, anterior à ação contra o jornal, mas também do grande passo atrás nas regras de liberdade de imprensa, que diz se assemelhar a era da ditadura, quando foi passada uma lei contra calúnia e difamação que castiga seus infratores duramente.

Confiram o que o jornalista americano disse em inglês:
"The court’s action, in late July in the midst of a drawn-out battle in the Senate over Mr. Sarney’s future, immediately raised cries of censorship. It was widely seen here as a setback after important strides in removing restrictions to a free press, including a decision in April by Brazil’s Supreme Court to strike down a dictatorship-era law that imposed harsh penalties for slander and libel."
Daí, ele parte para o exemplo da Venezuela e outros países latino-americanos que vem sofrendo grandes retrocessos, sempre apontando a falta de liberdade de imprensa.
"In recent months, journalists across the region have faced opposition not only from courts but also from the leaders of several countries, who have moved to restrict critical coverage and paint the news media as the enemy."

Realmente, o que Alexei diz faz sentido. Especialmente depois de vermos o que acontece não só no Brasil e na Venezuela, mas também na Argentina.

Aqui vai a tradução do parágrafo acima:

Nos últimos meses, jornalistas de toda a região têm se enfrentado não apenas pelos tribunais, mas também por líderes de vários países, que têm levado a limitar a cobertura crítica e pintar os meios de comunicação como o inimigo.

Infelizmente esta censura que alguns dizem ser um disfarce, uma mentira, se aplica também a jornalistas independentes que fazem blogs buscando suprir esta falta de cobertura crítica. Processos e ações contra estes blogueiros os tem levado muitas vezes a sair do ar.

Um exemplo recente de retirada de um blog é o do Blog da Petrobrás: Fatos e Dados (hospedado na WordPress), que questionava o blog oficial da Petrobrás.

Ontem, mostrei no meu blog o artigo do blogueiro Amilton Aquino, no post intitulado "Lula e a dúvida pública". Nele questionava a ausência da cobertura crítica da mídia, sobre o discurso de Lula da Silva, o Presidente brasileiro, que afirmava ter quitado a dívida externa. Coisa que nosso querido Aquino pôde expor na sua matéria "Lula e a dívida pública - Parte III".

Três dias atrás, também postei aqui, sobre o ocorrido no jornal El Clarín, na Argentina. Onde o Governo de Cristina Kirchner decide enfrentá-lo cara-a-cara, segundo a matéria do jornal brasileiro O Estado de São Paulo.

Tenha-se em consideração que nenhum destes dois jornais, tanto o brasileiro quanto o argentino, representam de maneira geral os interesses do povo. Se não me equivoco, seus interesses são no mínimo questionáveis para quem os conhece de perto. A liberdade de imprensa nos países da América Latina já deixava muito a desejar antes destas ocorrências mais recentes. Porém, e apesar de tudo, devemos proteger a liberdade destes meios, pois sem esta liberdade, todos corremos perigo de ver a liberdade de expressão morrer e com ela a democracia.

O momento pede uma solução e o envolvimento de todos os cidadãos latino-americanos, onde quer que eles se encontrem. Eu escrevo de Nova York, mas isso não me limita. Sou daqui e de lá, também isso não importa. O importante é que todos os latinos nos unamos nessa luta contra o nepotismo de alguns poucos, que impera na América Latina que é de todos nós.

Dizem que são nos momentos mais difíceis de nosssas vidas, nos momentos mais marcados por dor e problemas, onde temos a oportunidade de crescer mais, de sermos melhores. Por isso, agora é a hora de lutar por uma Mídia independente, fungindo das formas tradicionais.

O que me inspirou a começar este Blog foi essa necessidade, a ausência de uma mídia crítica, mas o que me fez realmente começar foi o exemplo da brasileira, Alcinéia Cavalcante, uma mulher de visão.

Com experiência jornalística mas formação que foge à do jornalista convencional, Alcinéia escreve um blog há quase 20 anos. Nele, desde o Amapá, uma das regiões com piores conexões de internet do país, ela com força e valor, luta por um Brasil melhor. Com uma dívida de aproximadamente 2 milhões de reais à Sareny e até ameaças de morte, ela não se deixa abater. Vejam a matéria sobre ela aqui.

Agora lhes deixo com a pergunta da semana: e você, o que você faz pela democracia?

E também lhes deixo o convite para participar no meu blog, postar opiniões e enviar artigos ou recomendações de pessoas como Alcinéia que são o orgulho de nosso país.

Desde já agradeço por lerem meu blog, leitores!

Tenham uma ótima semana,

LatinWriter


Fonte: The New York Times, USA. Todos os direitos reservados. Artigo : "Latin American Journalists Face New Opposition" por Alexei Barrionuevo.

Bookmark and Share

Saturday, September 12, 2009

Lula and the public doubt.

Lula e a dúvida pública.


No artigo mais recente da série "Lula e a dívida pública", Amilton Aquino aponta a disparidade no discurso do Presidente brasileiro. Aquino diz:
"...No último domingo, véspera do 7 de setembro, o Presidente da República foi além das insinuações e afirmou com todas as letras: 'Não só pagamos a dívida externa, como acumulamos reservas de 215 bilhões de dólares'.

Bom, o Governo deve ter feito uma mágica para pagar a dívida externa em segredo, pois, dois meses antes, o próprio Governo divulgou mais um aumento da dívida externa que chegou em julho de 2009 ao recorde de US$ 267,482 bilhões - contando com os US$ 71,585 bilhões de empréstimos intercompanhias das multinacionais a suas subsidiárias no país (ver matéria no Valor Econômico)."

Com isso, o autor do post chama a atenção para um dos problemas mais graves no Brasil e na maioria dos países da América Latina: a ausência do papel de uma mídia investigativa.

O blogueiro fala da "apoteose da ignorância" ao se referir a falta de informação da população e dá sua opinião no assunto:
"Caberia a imprensa apontar tal absurdo, mas já estamos no fim de semana e até agora nenhum único comentário, nem uma simples alusão, mesmo entre os comentaristas econômicos. Nem mesmo o Observatório da Imprensa, normalmente tão atento aos deslizes do jornalismo tupiniquim, citou o fato. Conclusão: o brasileiro não dá a menor importância para a dívida pública! (e Lula se aproveita disso)"
O blog de Amilton Aquino traz muitos dados e informação além de opinião sobre a política brasileira. O artigo é a parte III da série. Para ler o artigo completo, clique aqui.

A pergunta do dia é: E o compromentimento da mídia em apurar os fatos e comunicá-los ao cidadão, aonde está?

Fica no ar a dúvida... e, pelo visto, também a dívida!


Update (dia 19 de setembro): Siga o novo artigo de Alquino aqui.


Fonte: visaopanoramica


Bookmark and Share

Thursday, September 10, 2009

Freedom of the Press in Latin America?

Liberdade de imprensa na América Latina?


Vejam aqui o artigo "Cristina aperta o cerco e envia fiscais à redação do Clarín" publicado hoje no jornal brasileiro O Estado de São Paulo.



Read more!


Foto: El Clarín

No artigo o Estadão relata a ação do Governo argentino contra o jornal El Clarín. Leiam trecho que explica isto:
"Segundo o grupo, trata-se de uma "operação de intimidação", após denúncia publicada na edição do Clarín desta quinta-feira, que dava conta que, por decisão da ONNCA (Oficina Nacional de Controle de Comércio Agropecuário), foram pagos mais 10 milhões de pesos em subsídios a uma empresa que estava em condição irregular, sem licença para funcionar. De acordo com a reportagem, o próprio órgão concedeu a empresa uma "matrícula provisória" após os subsídios."

Na mesma matéria ficamos sabendo da posição da Presidente argentina, Cristina Kirchner, em relação à Mídia argentina como um todo.

"Em rede nacional de rádio e TV, a presidente acusou os meios de comunicação de seu país de terem "superpoderes" e alertou que "a liberdade de expressão não pode converter-se em liberdade de extorsão", em uma clara referência à briga que trava desde março do ano passado com o grupo jornalístico. No mesmo mês, o governo também tirou do grupo o monopólio para a transmissão dos jogos de futebol, quebrando um contrato de 18 anos"


A grande pergunta é: será que a ação do governo argentino ao jornal El Clarín é evidência de pressão, um ataque a liberdade de imprensa?

O jornal brasileiro, Estadão, conclui:

"Associações de jornalistas denunciaram ao longo dos últimos anos intensas pressões do governo aos profissionais da mídia, grampos telefônicos e ameaças diversas. Nas últimas duas semanas, escritórios do jornal Clarín foram atacados com pichações de militantes governistas. Enquanto foi presidente, Néstor Kirchner nunca deu uma entrevista coletiva. Sua mulher, Cristina, só aceitou entrevistas exclusivas com meios de comunicação aliados do governo.

Cristina também não veicula publicidade oficial nos jornais críticos. Mas, os empresários amigos do governo conseguem farta publicidade do governo. Esse é o caso de Rudy Ulloa, magnata da mídia no sul do país que lançou a revista Atitude, que na capa ostenta controvertido slogan: "Uma revista que não é independente."


Em nota paralela, gostaria de lembrar aos leitores do The LatamPost que o jornal Estadão está sob censura. Veja matéria aqui do jornalista Alexei do New York Times (matéria em inglês), divulgada recentemente sobre o assunto.


Fonte: O Estado de São Paulo, Brazil.
Todos os direitos reservados. Artigo : "Cristina aperta o cerco e envia fiscais à redação do Clarín" (Com Ariel Palacios, de O Estado de S. Paulo)

Bookmark and Share