Cuba Livre: Quando a realidade é pior do que a ficção.
Acabei de assistir o aclamado filme de Clint Eastwood, Gran Torino. Ouvi muito sobre o filme na época que fora premiado e decidi conferir, ainda mais, após ter visto um outro filme dele, o Changeling. Adoro filmes baseados em histórias reais.
Enfim, no fim do filme que assisti hoje, de ficção, minha amiga brasileira que o assistia comigo, chorou. Era triste, mas ela já me alertara que sempre chorava no fim de qualquer filme. Ao vê-la chorando, confesso, até me emocionei um pouco. O que é irônico, já que por quase todo o filme fiquei rindo do suspense e do estilo, o famoso western, genêro de homem 'macho', típico de Eastwood.
Sim, gostei do filme. Mas não é isso que me fez escrever este post. Muito menos é o barulho que os vizinhos brasileiros (sim, há vários morando em NY!) fazem a essa hora da madrugada. O motivo é uma notícia que vi na sexta à noite. Como tentava terminar meu post anterior, acabei não lendo naquela noite. Li o título e soube que se tratava de algo que merecia toda minha atenção, precisava ler com cuidado, já que se tratava do caso da blogueira cubana Yoani Sanchez, que supostamente teria sido detida nesse dia.
Li também o começo do artigo e com isso me tranquilizei. Lá dizia que ela fora brevemente detida. Então, resolvi deixar para ler tudo no dia seguinte. Ou seja, ontem, sábado. O dia todo transcorreu e finalmente só agora (na madrugada de domingo) enquanto minha amiga secava as lágrimas, e eu tentava conter a emoção de fim de filme, resolvi abrir meu laptop e checar o que havia de novo no meu companheiro de todas horas, o Twitter.
Nele li uma mensagem de Yoni. Ela dizia "Me siento adolorida como una anciana con reuma. Sin embargo, el espiritu blogger intacto. Han respondido con violencia a las palabras." Fui aí que me liguei da gravidade do assunto. Violência??? '...Me responderam com violência às palavras', foi o que ela disse. Fiquei chocada. Decidi, finalmente ler a notícia que ficara alí o dia inteiro, ao parecer, esperando só o momento certo de me chamar à ela.
Minha amiga até então já tinha parado de derramar lágrimas pela obra de ficção. E eu já não pensava mais no filme. Contei a ela a história de Yoni e fiquei pensando na gravidade do assunto. Ao minha amiga ir embora puder ler finalmente o artigo, mas antes fui ao Twitter de Yoni e descobri que ela já escrevera sobre o acontecido em seu blog, O Geração Y.
Ao ler sua narrativa, tive a impressão de estar lá. De ter vivido o que viveu. Me imaginei na pele dela. Sendo pega em plena manifestação pacífica, contra a violência, e sendo vítima por nenhum outro "crime", senão o de tentar se expressar livremente. Não aguentei. Desabei. Eu, que quase nunca choro, chorei. Ainda ao escrever estas palavras me emociono. Não senti raiva, senti tristeza. Tristeza de ver coisas como essas acontecerem nos dias de hoje. De saber que estamos tão perto da repressão. Tão perto de perder nossa liberdade de expressão....
Me refiro não só à situação atual na América Latina. Me refiro também ao que aconteceu nos Estados Unidos da América há poucos anos atrás com a chegada de Bush ao poder. É tão frágil, tão incerto, nosso futuro. Tudo o que hoje possuímos ou achamos possuir, nossa liberdade, por exemplo, pode ser perdida em um piscar de olhos. Assim também foi no Chile na época em que Allende ganhara e Pinochet, logo após, tomara o poder à força.
Em momentos como este, não posso deixar de observar nem de refletir que a realidade é, muitas vezes, muito mais cruel do que a ficção. Que o sonho de Cuba Livre, não é questão isolada. Não se trata de um problema somente dos cubanos. Não. É nosso. Nossos irmãos cubanos são americanos, são latinos, e acima de tudo, são humanos.
Hoje é Cuba. Amanhã, talvez a Venezuela. E logo com ela, outros países na América Latina. Enquanto continuarmos a ignorar este problema, ele continuará a existir. Pois a indiferença à repressão, à violência, não fazem estes males desaparecerem. Ao contrário, os fazem multiplicar.
Desejo hoje oferecer minha prece a Yoni e a todos os blogueiros pela América e mundo afora. E este post em especial em dedicação a agressão sofrida por esta cubana que não desiste em ver Cuba livre. Ela é exemplo de coragem, exemplo de força. E exemplo para continuarmos na luta por um país melhor, um continente e mundo melhor.
Saturday, November 7, 2009
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