Lições do 'Império' em perigo
Bom, talvez o império americano não corra tanto perigo como possamos imaginar. Pelo menos, não ainda. Mas ouço os comentaristas do canal americano CNN e de outros canais como os programas (a maioria de business) FastMoney, Money for Breakfast, Squawk Box, etc. se perguntarem uma e outra vez: será que esse é o fim do império, geralmente quando se referem à taxa de desemprego atual, situação na bolsa de valores e, às vezes, até no que concerne ao pagamento de altos bônus a executivos e a situação atual de milhares de americanos que agora vivem, não em recessão mas, em depressão! [Essa última conclusão é minha, pois ainda não se reconhece a depressão neste país.]
Não é a toa que o economista ganhador do Prêmio Nobel do ano passado, e atual colunista do The New York Times, Paul Krugman, diz ter pesadelos à noite, teme que os Estados Unidos se torne um país de terceiro mundo. Mas ele ainda é otimista, diz que menos mal acorda de manhã e vê que ainda tem jeito. Mas, será? Um outro colunista do jornal NYT, Bob Herbert mais pé-no-chão, já faz tempo reconhece a realidade do país que em muitas ocasiões vive como o terceiro mundo.
A galera que pensa que aqui tudo é wonderful e sonha com a vida em país yankee, que tire o cavalinho da chuva. Aqui nunca foi o país das maravilhas, da Alice, mas é lamentável que tudo o que havia de bom por aqui tenha aos poucos indo desmoronando. Coincidência não é, que vários imigrantes regressaram aos seus países, dentre eles muitos brasileiros, após o começo da recessão.
Mas mesmo com todas suas dificuldades, os Estados Unidos ainda continuam sendo império ou, se não são, pelo menos, fingem ser. Há lições que nós como países latino-americanos, principalmente, o Brasil, podemos aprender. Me corrijo: devemos aprender. Uma delas, é a de não invejar o estilo imperialista americano, a outra não querer se tornar um império!
Obama é um breath of fresh air, um verdadeiro alívio para a geração que se viu decepcionada com a eleição de Bush e a consequente destruição de seu país. Primeiro com os tax breaks para os mais ricos, daí as consequencias, como as desigualdades socio-econômicas que só cresciam. Logo após, ou ao mesmo tempo, veio ainda mais deregulation, a ganância desenfreada, e o resto vocês sabem... tudo que parece ser muito bom pra ser verdade, o boom dos créditos e a economia que comprava o "sonho americano" baseada em ilusões (onde todos, até os que menos tinham, achavam poder gastar como se não houvesse amanhã) um dia mostrou a verdade cara: a bolha arrebentou e o sonho....
Não é necessário saber muito de economia para sacar o que ia acontecer neste país. Não vou dizer que previa o que ia acontecer, porque não previa. Mas via, sim, tudo aquilo com muita desconfiança e de certa forma torcia para que as coisas mudassem. Queria que os verdadeiros culpados de tanto consumismo egoísta fossem punidos. Parecia ser um sonho se tornar realidade quando grande corporações cheias de greed, começaram a cair, uma trás outra...
...Mas, infelizmente, como sempre costuma ser, quem arcou as contas não foram as empresas, mesmo que muitas tenham falido, muito menos os grandes executivos que as conduziam, mas foi o povo, a classe trabalhadora, a classe média, que pagou/paga as contas.
Porque estou falando tanto dos EUA, você se perguntará? O que a experiência deste país "consumista", "materialista", "sem cultura", etc. tem a nos ensinar. Pois é, tem e muito.
Quando cheguei a este país tive a experiência que a maioria que não é "filhinho de papai", me refiro àqueles que practicamente idolatram os EUA, tem do país. Levei tempo em entender a cultura, muito mais em entender o porquê de certos hábitos. Não minto quando digo que minha relação com este país (mais exatamente com esta cidade) era de love e hate.Tampouco é exagero assim qualificar, já passei por várias fases.
No entanto, o tempo e a distância me fizeram ver as coisas por outros ângulos. E o que vejo agora é uma visão bem minha, mas provavelmente muito parecida a daqueles poucos que chegaram aqui na mesma posição e levam quase uma década neste país.
As diferenças entre a América dos estadounidenses é bem diferente da nossa, latino-americana. Incluindo o Brasil. Há muitos que (na ignorância, por não saber da origem latina, ou mera, arrogância) se sentem ofendidíssimos ao categorizar o Brasil como parte da América Latina. Enfim, todos nós. Somos sim, muito diferentes. Mas além das diferenças, há semelhanças. Afinal, somos tomos seres humanos.
Por isso, acredito ser importante apontar os erros e acertos deste país, assim como de outros pelo mundo afora, como guia. Se conseguirmos aprender com eles, evitaremos com certeza muita dor de cabeça e sofrimento inútil. Ainda teremos muitos desafios mas evitaremos perder muito tempo.
Não me refiro às diferenças culturais, por exemplo, que muitas vezes são históricas ou até mesmo talvez genéticas mas coisas assim tão simples, próprias da fraqueza humana, como a ganância, o desejo de ser número 1 (leia-se império, se quiser) a todo custo, o materialismo cego, sem freios, que são alguns exemplos disso.
Esta semana estarei postando artigos sobre os EUA por aqui.
Muitas mudanças ocorrem no mundo, a cada dia fazemos história, cada um de nós. Mas esses dias por aqui são cruciais, indicadores de uma verdadeira mudança, digna de ciência ficção. Dizem que em 2012 o mundo irá se acabar e uma das profecias aponta a mudança de pólo da Terra. Pois é, é esse tipo de mundança 180º que me refiro.
Resumo de algumas notícias em destaque nos EUA e NY nesses últimos dias:
1)Luta para passar a reforma de saúde na americana: Hoje foi passada uma histórica vitória para a lei que ajudará milhares de americanos. Mas é dito que ganharam a batalha não a guerra. Ontem as seguradoras, planos de saúde, ameaçaram subir os preços. Muita pressão por todos os lados. Principalmente do lobby e aqueles que questionam o valor da reforma.
Esta notícia é crucial para o governo Obama, como mencionado no meu post anterior.
2)Guerra no Afeganistão e Pakistão. Papel de diplomacia no Irã: Como sabemos Obama ganhou na sexta passada, o prêmio Nobel da Paz, que trouxe muita controversia sobre o assunto já que o país se prepara para enviar mais tropas e continua a guerra no Afeganistão. Hoje Rússia, decide evitar à pressão com sanções contra o Irã, fato que parece ir de frente com a estratégia americana de tentar pela democracia mas que ameaça usar sanções.
3)Bloomberg tenta se eleger pela terceira vez em Nova York. Esta é nova para muitos. É verdade, gente. O prefeito está concorrendo para seu terceiro mandato (assim como o Chávez). Interessante debate hoje na teve. Para quem lê em inglês, leia aqui o arquivo de capa do New York Times de hoje à noite (online) e amanhã (versão impressa).
Tuesday, October 13, 2009
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Interessante seu ponto de vista.
ReplyDeleteSempre fui cauteloso em caracterizar os EUA, na verdade, e nunca engoli o ideal de perfeição que tentam colocar guela abaixo.
Acho que poucos são os países que podem ser ditos realmente de primeiro mundo atualmente, e se resumem à Escandinávia. Lá eles realmente vivem em excelência.
Os EUA tem pontos positivos, claro, mas os negativos, como você menciona, estão cada vez mais florescendo. Isso é o início de uma virada de turnos.
Acho que o crescimento exacerbado e acelerado dos EUA e a cultura de competição acabou por torná-lo na verdade bem frágil.
Já diziam: quanto mais alto, maior o tombo.