Sunday, January 17, 2010

A strong race for Chile's presidency.

Um corrida acirrada pela presidência no Chile.

As eleições do Chile hoje, marcam uma corrida disputada pelo primeiro lugar. A grande pergunta é, portanto, quem será o grande vencedor deste segundo turno?

Foto: BBC Brasil. Todos os direitos reservados

De um lado temos o candidato da Concertação: Eduardo Frei, um ex-presidente (1994-2000) cujo partido está no poder há 20 anos; desde 1990 quando o país saiu da ditadura do General Augusto Pinochet. Seu partido de centro-esquerda, é o principal motivo de insatisfação dos chilenos que reclamam que seus membros usurpem privilégios há anos, ajudando a manter o status-quo e a desigualdade política no país.

De outro, temos o candidato da direita: Sebastián Piñera, empresário muito bem sucedido, que perdeu a eleição de 2006 para a presidenta atual do Chile, Michelle Bachelet. Um homem de negócios, que conta com apoio das classes mais ricas, este candidato aparece agora como a única opção viável de mudança na estrutura política do país. Porém, sua associação com Pinochet no passado parece ser um dos grandes empecilhos, uma grande pedra em seu sapato, na sua caminhada rumo ao poder no Chile.

Piñera obteve 44% no primeiro turno, dia 13 de dezembro. Já Frei ganhou 29.6%. Uma recente pesquisa revela que a diferença neste segundo turno, no entanto, é de aproximadamente 2%, considerando a margem de erro de 3%. Piñera teria 50.9 e Frei 49.1 por cento, de acordo com artigo de hoje da Reuters.

O clima é de otimismo para os dois candidatos no Chile. O candidato Frei está confiante e já se declara ganhador. Ele diz, "Amanhã serei presidente de todos os chilenos". Mas será?

Devido a um terceiro candidato, o independente, Marco Enriquez-Ominami, mais conhecido como MEO, ter tomado uma parte importante dos votos no primeiro turno, apostando em mudanças mais drásticas na política e ao se dissociar com seu partido da Concertación, existe clima de tensão em relação a decisão final deste domigo.

Este candidato obteve apoio crucial de vários eleitores, principalmente jovens porém, e apesar de ter superado as expectativas de votos, não foi suficiente para mobilizar mais intensamente a camada jovem da população, geralmente desinteressada com a política, para ação. No entanto, sua participação foi crucial e seu votos agora são um fator determinante no resultado final.

O candidato Piñera, poderá beneficiar-se dos votos nulos e brancos (provenientes em grande parte dos eleitores que apoiavam MEO) já que este liderava no primeiro turno. Mas, lógicamente, boa parte dos votos de MEO e um outro candidato de esquerda, Jorge Arrate, irão ao candidato atual da Concertación, Eduardo Frei.

Por isso, o segundo turno de hoje promete ser um dos mais concorridos e emocionantes nas eleições do Chile dos últimos tempos. Se de um lado ganhar Frei, o país continuará provavelmente sem grandes mudanças estruturais na política do partido mas continuará no caminho certo ao continuar a base social que Bachelet começou. Se de outro ganhar Piñera, mudanças na política serão inevitáveis, e provavelmente boas para o país, mas há incerteza que a base social criada por Bachelet terá a continuidade que necessita para ter sucesso.

Porém, e e apesar de todas as possíveis diferenças entre os candidatos, a política econômica aparentemente não sofrerá grandes mudanças, de acordo com especialistas. Exatamente, no entanto, é impossível prever o que irá acontecer no terreno econômico, social ou político, mas qualquer que seja o presidente eleito hoje este deve levar em consideração as desigualdades sociais que ainda hoje assolam o país e buscar-se soluções que realmente levarão o país a sair da condição atual que vive: de terceiro mundo.

Geralmente se elogia muito o Chile por vários motivos e com muita razão, mas o fato é que se não houver real diminuição da desigualdade qualquer avanço será mera ilusão e no fim o grande vencedor não será o povo, que é o que se espera desta ou qualquer outra eleição.

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6 comments:

  1. O resultado demonstra que 50% dos eleitores chilenos não votaram. Isso numa eleição disputada. Sou a favor do voto livre. Não votar é tão legítimo quanto votar. Apesar de não encaminhar e propor. Temos que observar na AL esta tendência.

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  2. Obrigada pelo comentário que veio em ótimo momento. O resultado das eleições no Chile realmente diz muito sobre o estado de democracia no país. Apesar de ser um exemplo para a América Latina e o mundo, tem um lado bom e outro amargo. Essa apatia política provêem em grande parte da juventude desencantada com a política. Espero que isso mude em breve.
    Abraços

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  3. Nós brasileiros ficamos muito alheios ao que acontece na América Latina. Eu gostaria de saber mais sobre o Chile, que parece-me ser dos poucos países da América do Sul que têm condições de ser primeiro mundo. Vou seguir as notícias e acompanhar mais as mudañças. O que poderíamos copiar do Chile neste momento é o voto livre. Isso é democracia.

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  4. Simone,
    Excelente análise. Parabéns. Sobre as questões que você colocou para mim no Twitter, sobre o mesmo tema, abordado no meu blog, quero dizer o seguine: Quando digo que Chile x Brasil tem tudo a ver, me refiro as ostensivas popularidades dos dois presidentes acima dos 80%. Nem ela e nem ele tem esse índice que parece ser uma marca dos regimes de esquerda - a mentira. "Perdeu feio" é uma forma de dizer que com 80% de aprovação popular não emplacou seu sucessor. Eu afirmo que Lula não tem mais que 46% de aprovação e se o candidato de Michelle Bachelet teve 48%, confirma a minha afirmação de que nenhum governante na face desse planeta ultrapassa esse índice.
    http://lucioneto.blogspot.com/

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  5. Entendo, Lúcio. Obrigada pelo seu valioso comentário e esclarecimento na questão. :) Desse ponto de vista sempre achei válida a análise, o problema é a quantidade enorme de artigos que vi pela Net, a maioria por jornalistas "profissionais" que usaram esta justificativa para ofender no mesmo artigo o Eduardo Frei. Compará-lo à Dilma, por exemplo, para mim é ofensivo demais.
    Ainda vou escrever outro artigo sobre o assunto pois parece-me importante esclarecer que na verdade quem ganhou no Chile foi a grande maioria insatisfeita com os dois candidatos.
    Nesse sentido até há certas semelhanças com o Brasil... Faltam opções de qualidade!!
    Um grande abraço.

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  6. Bernadete, parece que querem mudar isso no Chile. Querem fazer o voto obrigatório. Fique de olho no próximo post sobre o Chile. Beijos

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